segunda-feira, 12 de março de 2012

A teoria das cordas

As vezes pensamos coisas tão difíceis
De vidas tão impossíveis, que não nos damos conta
Talvez eu tenha sido meu maior erro passado
Minha urgêcia mais séria
Ou meu outro critério de ato


Ó donzela sem rosto, dos favos de neve
Dançando num tabuleiro de damas ou xadrêz
Ó criança velha, vestindo a boneca moleque
Cumprimentando as tias porcas, com rostos de sala

Menina menina andando de lado
Menina Maria Machado
Tudo pra ela é pela metade
O suor e o sagrado

Hoje não trago um presente
Porque hoje eu não sou gente
Acende outro cigarro
Orgulhoso em moda nova

O pobre coitado que vive em preto e branco
Minotauro bateu na porta errada 
Bendito seja o rosário
Dos que rezam por nada


O tesouro da Terra foi achado no céu
A fórmula da vida nascida
Criada e permitida, consentida
Nos vitrais da capelinha


Senhoras e senhores cutucando a ponta dos braços
Tentando lamber os cotovelos
Benditos cavalos correndo nos pastos
São minha alta pidade
De toda a sociedade


O mundo acabou pra quem quer gozar a vida
Nas lentes dos meus óculos de comércio
Tudo está em quarentena
É fácil, fácil demais


Pedro Paulo não tinha a palavra, não tinha a palavra
Parecia combinar dois mundos rivais
Nascidos como irmãos, criados como iguais
O braço levemente doendo, uma câimbra e nada mais


Pedro Paulo movia metais, achados no espaço
Como formas incomuns, saídas do nada
Se milagre real, catadas a esmo
Como cartas marcadas


Copos viciados e os jovens dispensados
Bebem até cair, enquanto a outra metade
Constrói um mundo melhor pra destruir
Com as próprias armas


Hoje eu vou me mexer bem devagar
Hoje eu vou contar mentiras, eu prometo
Vou acender um busca-pé com uma surpresa
Pra quem pular a fogueira


Pitonisa curiosa olhou o futuro de bobeira
Os arúspices me desejam, pra conhecer a vida inteira
Com um pouco de mágoa
Na salina da semana passada


Os amantes gêmeos
Dão um beijo de lua cheia
Açucarando o veneno
Do mundo sobre os trópicos

Assim eu era, eu era Harú
E minha loucura era dourada
Era enxaguada toda rua
Ensanguentada

Senhoras e senhores
Eu sou o prazer quase lírico
Dotado de um sapato sem cadarços
E só um inimigo

Senhora e senhores
Eu sou um sonho sem passado
Acordem acordem
Porque tudo já passou

WallMushu

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