sábado, 13 de outubro de 2012

Vertere

Debruçado sobre o penhasco
Ventos de corujas que assaltam
Os vultos correndo na terra seca
Ventilada do meu suor
Ventos de páginas em branco
Perante a pena da minha língua
Sentenciada a escrita
Olhando o relógio nas águas
Dançando como concubinas
Na noite de núpcias
Do ventre o sol Fenício
Trazendo profecias
Como analgésico a insônia
O paraíso ainda perdido
A noite como minhas filhas
Casando-se com o dia
Em minhas mãos de cosmologia
E história contada
Eu venho a tornar
Tudo como um
Tudo inicial

WallMushu
 

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Aviel

Pequenas gotas de um faraó
Nobre geração desenganada
Sem ser ou estar
Com crianças sofrendo sem sair do lugar
Comendo antigo o ouro de Ofir
Novas estrelas morrem sem brilhar
No céu de inverno e outono
Estações sem se encontrar
Memórias cozidas
Entrando em contato com o ar

domingo, 16 de setembro de 2012

Rua Rui Barbosa 20 para as cinco



Ela passou por mim pálida, uma palidez que me consolava não sei por quê. Ela ia devagar como o tempo, e em humilde escolha se fez com a sua travessia diante do mar iluminado de sol.
Ela não andava, seguia a consolação com uma criança adormecida nos braços, e outra agarrada ao seu vestido florido, já desbotado pelas suas dores. Falando pelo silêncio suado do seu rosto, um idioma cantado somente pelos que seguem quase a vida toda o caminho da privação até ter seus desejos e suas vontades esmagados pela dura realidade de pedra. A criança, tão nova e já vencida, me deu uma solidariedade de cortar a pele, desejava eu dormir do seu cansaço, eu aceitaria todos os duzentos anos do seu leve rosto abatido, banhado e dourado de seu descanso. Não, eu não encontro pessoas para suportar o peso desta criança, eu não a suportaria, pois a vida me deu muitas coisas e meu suor não possui o conteúdo do sal, o sal que com vergonha eu não podia conter. Sentia da mulher um sorriso de enfim chegar perto do inalcançável, onde enfim se desfazia de sua tímida força e se permitia enfim sofrer. Permitia-se enfim com esperança pois o enfim nunca chegaria até os seus olhos umedecidos pela poeira dos carros que passavam egoístas. Busquei fazer de mim uma promessa de paraíso pobre, pois eu mesmo não sofria com a carne e a redenção, então, não merecia um paraíso para poder cria-lo mesmo que por misericórdia. Estou inconformado como uma criança lutando contra o próprio sono, ela era vista por ela mesma e dava passos altos vindos de uma nobreza caracterizada de quem não tem nada. A mim, fora privada mesmo a privação desta mulher, que agora eu amo e como suas sandálias sustento chorando o seu peso incondicional.
O que era miséria nela? Nada, eu estava esperando indecentemente com minhas sacolas. Meu Deus sou importante! Gritava irritantemente o grão de areia. Minha imensidão estava justamente em não ser nada perante aquela mulher. A outra criança por sua vez se agarrava objetivamente ao seu vestido e dele fazia sua casa e seu exercito, então, ela brincava com os passinhos leves e doloridos avançando como uma guerrilha, um holocausto oferecido ao deus sol. Cada passo era desavergonhadamente puro e imaculado, ela andava sobre a literatura do nordeste e da sua seca com grosseria e vitória extenuadas.
Somente me restou dobrar-me e olhar para de alguma forma sofrer por ela, pois sentia em mim a dívida que tinha com aquela trindade comum, a mulher, a criança pequena e a criança de colo, todos esgotados de serem divinos.
A mim somente restava olhar e orar para que os três fossem ao mesmo tempo um só Deus.

WallMushu

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Calcífera

As vezes quase me esqueço
Que hoje senti um gosto de entardecer
Enquanto era de manhã
As vezes jogo os pratos para não se quebrarem no chão
E é comovente como o sol circunda as patentes do verão
Marchas e marchas e vitórias odiosas
Dos sabres sobre a pele em revolta
Eu vi os santos de cedro caminhando pelas vielas
Consolando os mortos
E os anjos de fogo com as virtudes heróicas
Marchas e marchas e tudo não para
Nem para a criança que pede “por favor”
Calçando as histórias caídas do belo mundo que se foi
Dormida nas ruas as jóias perdidas
Eu me lembro como se fosse amanhã

WallMushú

domingo, 29 de julho de 2012

O Partido dos portões do purgatório

Pobres rostos de vidro e marfim
Morrendo recostados numa praia
Pelas baixelas pintadas de vermelho e graças
Criando palavras cruzadas

Uma batalha naval com barcos de papel
Rogando velhas mandingas
O meu respeito elas são reais
Como são reais as migalhas da esquina

Sem suas licenças para falar
Eu bocejo meu próprio eu
Jogado nas tábuas do xadrês
Que alguém vá querer comprar

A todos os que compram um pedaço no céu
Bem vindo seja, o salvador cruel
Deus de metal das nações
Suspeito no bem e no mal


O homem neandertal
Julgando-se juíz
De não se sabe o que
Do que seja normal


Senhores ainda mais
A nossa geração impecável
Sem termos iniciais
Terminou algo incogniscível



WallMushú


Aos de julgamento mais enquadrado em regras quais sejam, seja lá como for que acordaram hoje ou como se viram numa poça de água qualquer, o deus de metal nasceu, e agora ele é imortal, como conseguir algo sem ele? Belo mundo criado a imagem e semelhança a algo efêmero como o gênero humano. Que eu não seja crucificado, pois sem bem do que falo.

sábado, 21 de julho de 2012

O cisne e suas quatro crias

É uma visão em código morse, nem mesmo sei como é, pois quando percebo o vento ja soprou e volta novamente o concreto pintado. Novo, o novo muito embora talves seja apenas uma releitura do que já foi visto, no entanto, se apresenta no meio de uma composição completamente não oposta mas quase incomplementar, e a pedra angular é novamente descoberta, em cores de Alfa e chamada urgente. Mas ainda me surpeendo pois não é esta a decodificação do que vi e no entando me soa como todo o desdobrar de toda a engenharia por tráz da flor de papel. Contudo, mesmo ainda em uma escrita de traz para frente me parece agora lógico e até mesmo comum que minhas digitais sejam uma das formas de se dizer o meu nome, e ainda sim nem mesmo sob tortura e uma lente de aumento não aparece nelas a minha idade. Que haja discernimento ao leitor, minha idade é zero, como a medida indecifrável anterior ao número. Mesmo dizendo tudo ainda nada disse, como nada foi dito embora o barulho me faça as vezes tombar de tontura a imagem e semelhança do horizonte. Nada mais e me visto de sinos como se a minha respiração fosse a minha outra voz.

WallMushú

sábado, 12 de maio de 2012

"Hoje como surpresa, a felicidade se tornou um vazio imensurável em mim. Pensei que fosse uma iluminação, no entanto, é algo que me pedirá mergulhar para saber o que é realmente. Posso ou... não sei. Ele me chama e me pede silêncio. Pede algo de mim que não compreendo. Pede algo que ao mesmo tempo seja meu corpo e alma, algo da qual seja intrínseco, a raiz existente da minha existência.Ele me pede algo que seja ao mesmo tempo a verdade e o molde de todas as formas. Diz que eu mesmo não estou existindo e que este é o movimento que executo dentro do espaço. Mostra minha sombra, e dela retira minha respiração. Ele me mostra um sino, e me revela o sinédrio. Me pede o evangelho, no entanto, me diz que ainda possuo o reino dos céus. Do que se tratará?. Não sei. Mas mergulho. O Oráculo me diz que é semelhante a verdade no entanto poderei não voltar da profundidade se por um momento fechar meus olhosr. Procuro o sal. O Oráculo diz: "O sal também pode pertencer a água, no entanto não é água". Não sei"

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Tudo o que sou tem encontrado leito e paz dentro da descontinuação, e tem sobrevivido ao meu passado cheio de causas e criado delas. No entanto, tenho me encontrado na causa das causas e fiz do meu próprio julgamento meu lugar de peregrinar e fazer contemplações. O céu sempre está acima enquanto a água deve fluir para baixo, e com isso acabaria dizendo mais de mim do que as próprias traduções do sânscrito talhado dentro dos meu ossos, fiz-me como invenção do médico, no entanto, somente a lua me retira suspíros de um amor mítico e único que somente me é dado perante ao enígma de cada fio branco de cabelo com a qual me vesti. Oráculo de mim mesmo, Beliôm que nunca escrevi, ainda me ressurge como uma profecía dizendo: Além de tudo aidna sim encontrarás palavras nunca nascidas e que não devem nascer, apenas devem correr como sangue e respiração.

terça-feira, 17 de abril de 2012

"Busco o que no horizonte é a luz, mas não a salvação, quero o que vem oculto no branco, o que é dado sem mesmo se pedir, me mostro por timidez para que não procurem aquilo que não mostro de mim. No entanto, mesmo minha sombra se torna uma denuncia que eu mesmo não sei. Então, mesmo o que sei, não é tudo o que oculto, procuro manter segredos mesmo de mim"
"Hoje olhei para minhas mãos, cheias de marcas e dores. Senti delas uma alegria sem angústia. Um louvor sem o merecimento. O dia começava, e eu mesmo nem bem acordado, mas elas doiam em um orgulho próprio, egoísta, imoral. Era uma imoralidade santa de duas mãos que doiam de prazer pelo trabalho. Uma imoralidade que eu mesmo desejo ter, todos os dias."

sábado, 14 de abril de 2012

Batuque

Alma de força e sisal
Com olhar de sol
Vestida com trapos do mundo

Recolhendo do quintal
A palha seca do fogo
Um milagre do amor
Pra espantar o frio
Da noite em gotas de prata

A harpa nos pés da cruz
Chorando a benção sobre os doentes
Sol poente
Palavras correntes de ouro e cristal

Alma de fumo de corda
Das romarias, com o perfume dos cravos
E a luz dos evangelhos
No batuque dos velhos tambores
Louvando verões dos céus
 A redenção de Parsifal

WallMushú

quarta-feira, 11 de abril de 2012

"As vezes quando penso no agora, acabo não compreendendo o meu amanhã, e como isso pousa diretamente neste agora. eu olho, no entanto, com uma angustia do movimento que não espera mesmo o agora em que penso. Meu futuro e meu passado, foram e ainda são o extato instante do hoje" WallMushú

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Flores de Ébano

Não ouviste o sol quando a intenção passou
Não cultivaste os grão do meu dizer
Cada palavra de areia que você ignorou
Com belo prazer
Minha palavra se voltou contra você
E você não aceitou

Perdas e estrelas do céu que se apagou
Como notas musicais que o silêncio tocou
Como o vazio das nossas almas nascidas
No mundo que não é de ninguém
Para nós ou para quem
Restarão as flores?

As belas sabedorias
Encontradas em todas as profecías
Do que eu contei e adivinhei
Entre a noite de hoje e de ontem
O que não se ouviu
Não se voltará a dizer
Meu silêncio será a voz e o oreinte
Dos que se perdem no deserto
Sem nada para beber

Minha sombra será o gesto
Nas colinas que não saem do lugar
Com olhares perdidos batendo
Com outras épocas indo sem deixar
Rastros na terra para andar
Meu silêncio será a voz
Ouso dizer
E nada mais será o oriente
A seguir pelos caminho
Que ainda faltam trilhar

WallMushú

domingo, 8 de abril de 2012

Carta de Páscoa

O sofrimento foi necessário, o sangue foi necessário. Está feito, cumprido dentro de todo juízo e profecia.
Todo mundo o amou em seus pensamentos errados sobre um novo rei com mãos de ferro, mas ele abraçou o pecado de todos e então o mundo o odiou e desejou sua morte. Pois ele aceitou mostrar humanamente o poder dos céus, e cumprir a vontade de Deus. Pois que o mundo lhe condenou a morte de cruz, a maior e mais cruel das mortes, então, ele aceitou. Incontáveis foram as torturas e suplícios que em segredo dos céus ele sofreu, sem o conhecimento mesmo de seus discípulos, o inferno dos pecadores ruiu em suas entranhas pelas almas já ondenadas à morte de todas as mortes. Ele se manteve calmo, pacífico e sereno, pois sua fé era superior ao simples mover das montanhas. Vede irmãos, que nenhum homem neste mundo conhecerá a profundiade de seu ato. De seus olhos jorrou o perdão, de sua boca o silêncio fez estremecer o amor de Deus, sua face parou o movimento da existência, sua morte foi o apocalípse de todos os anjos, e o aparente triunfo do anjo mais cruel. Ele transformou todas as coisas, seu sorriso perdeu a cor, ele baixou sua cabeça, anunciou a consumação de sua rodem e missão e então sua alma desvaneceu caida em obediencia a morte. Agora é chegado o terceiro dia. Eis que então ele se levantou, maior que o próprio milagre, e caminhou em triunfo sobre a própria morte. Ele vive, como se nunca houvesse morrido, e os céus entram em júbilo e prostrados louvam seu poder sobre o todo. Ele se mostra aos seus como testemunha e vencedor pelo primeiro homem. Ele sobre aos céus, onisciente e onipresente, como está escrito.

WallMushú

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Delírios

Á minha alma de aluguél perdida por entre as vielas dos meus olhos que nada dizem, buscam ser diretos e irrepreensíveis como o vázio, porém são vastos e imersos como os oceanos onde mergulho somente até a margem do que me lembro. É nesta cristalina coragem que me jogo ao fogo das forjas e então das minhas cinzas saio novo e individual.
Seja como for a guerra ou o fim dela, me manterei em pé, calmo e transparente como ultima resposta.


WallMushú

Poesia sob os holofotes

Poesia em renda bordada
A luz de velas
Nas penas, na voz dos poetas
Nos ecos de prata         

Poesia em papel vegetal
Nas grutas de lua cheia
Com os pardais voando nas casas
Com a prece de Cáritas

Poesia em moeda de ouro
Com a cara toda pintada
Uma denuncia sem pressa
Um golpe de estado

No estado das novas festas
Das conversas em roda viva
Batendo palmas
As comédias não ensaiadas

Poesia que respira
Aos novos poetas
Com novas rimas

WallMushú

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Oração aos Maias

Não me roubaram as cartas antigas
Eu as dei ao vento
Pois o mundo está de cabeça pra baixo
Eu vivo de insistir na vida
Santa Maria Madalena
Herdou a paz das mãos de Deus


Eu quero o ócio que não me faça mau
Eu quero pensar no meu destino
Eu quero um ócio que seja um prazer
Que me faça criar muito mais
Do que eu mesmo possa fazer


Eu oro para as coisas saudáveis da vida
Um bom dia, um sorrio e nada mais
Eu quero a paz pra presentear
Que mais precisar
Eu oro pra que Deus seja sagrado
E pra que o mundo não me impeça de ter fé
Eu roro para rir bem alto de mim
Como cambalhotas que se dão no ar
Das nossas cabeças girantes
Nas gravidade do amor
Que sonda os casais


Que nossa eterna Terra seja eterna
Que nosso canto seja cantado
E gravado nos metais malhados
Das placas dos homens de barro
De água e de sal


WallMushú

domingo, 1 de abril de 2012

Alegria

Alegria alegria
Na nota mais alta
Na palavra escrita
Nas ondas da maresia

Alegria alegria
Nos lugares gelados
Nos desertos
Na samaria

Alegria alegria
No canal da mancha
Nas terras da Babilônia
Nas primaveras da Síria

Nos cantos das fotografias
Alegria alegria
Nos beijos e nos sorrisos
Nos sonhos das histórias
Nas rebeliões contra a monarquia

Alegria alegria
Cantante nos portões do Edem
Nos salmos cantados a tardezinha
Nas revelações dos deuses de barro
Nas estrelas guia
Nos olhos do verão que dormia
Alegria alegria

Alegria alegria
Nas ruas antigas
De ouro preto e das antigas minas
Em boa noite de lua cheia
De sorrisos e de fantasia
Alegria alegria

Alegria alegria
Felicidade inédita
Nas grades dos paraísos
Nas harpas e nos violinos
Nos anjos da noite e do dia
Alegria alegria

WallMushú

quarta-feira, 28 de março de 2012

Ametista

Eu ando com o vento
Como marcha sem prévio aviso
O esqueleto inconsciente
O passo sem descrição
Me parece gente
Me parece visão


Eu ando comum como tudo
Sem pensar em ruas vazias
Sem pensar em mais ninguém
Sem pensar nos sinais verdes
Cantando comigo
Andando como os andarilhos
Minha respiração evidente


Assim como o mundo 
Eu quero cantar
As águas novas para os mudos
Todas as flores de Setembro
Todas as lembranças e histórias
Que eu puder encontrar


Como a criança eu quero viver
A eternidade de um segundo
Toda emoção da Bossa Nova
Eu quero viver
Toda delícia e magia
Dos imortais
Eu quero escrever com o lápis
O bem e o mal


Como um Buda
Eu quero saber morrer
Com uma simples renúncia
Ao mundo e tudo mais
Para mergulhar no Nirvana


WallMushú

Cumprimentos à pátria

Horas atrasadas
Bate o martelo
Modéstia temperada
Roda o peão
O trem das onze e meia
Só chega meio dia
Salário atrasado
Malha o patrão


Gente coitada
Comento o pão com suor
Gente coitada
A dor e a madrugada
Batem no ponto das sete horas
Volta a rotina
Volta o patrão
Gente que trabalha
E esmola a vida
Levando nas costas
Toda a nação


Gente pisada
Que não tem rima própria
E o medo da polícia
E o da prisão
Desce o sorveteiro
Sobe a gasolina
E tudo tem um jeito
Que é pior


Até quando será
Que vamos aceitar
Receber como prêmio
Alguns trocados
Até quando será
Que o poder ficará
Em algumas estrelas
Num céu intocável
Até quando será
Que a lei será
Tão bonita e poética
E tão pouco real


Enquanto os homens exercem 
Seus podres poderes
O mundo tem um milagre 
Que não se pode pagar
Enquanto os homens alcançam
Muito mais riquezas
Cresce mais uma doença
Que não se pode tratar


Até quando será
Que vamos dormir
Em pedaços de sonhos velhos
Que já não tem mais sentido
Como Caetano dizia
A zil anos atrás
Terá que soar
Terá que se ouvir por mais zil anos


Somos pobres e muito mais
Mas ainda somos muitos
Cumprimentos educados a pátria prometida
À um mundo de gente
Que já não tem fé em nada


WallMushú

segunda-feira, 26 de março de 2012

Paralelípsia


Um pouco mais
Do que é muito
Fora do segundo
Sempre existe um olhar a mais
No mundo

Como se faz um amor perfeito

Como se faz?
O amar livre do peito

Eu ainda desejo voar

E cair sem chegar
Eu ainda não sei nesta vida
Meu lugar

Pobres dias salgados

Uma vez que eu seja meio amargo
Um tanto adstringente
A faísca do fogo ardente

Eu ainda sou teimoso em tentar olhar

O mundo com bons olhos, apesar do mal
Este mundo não é pra mim,
Não é assim
E ponto final

WallMushú

Meu Brasil


Meu prejuízo
Meu calvário e meu arrepio
Minha sorte sem medo
Aliviada
Sem ter o respeito de mim
Cai a chuva no céu claro
De fulguras mil

Meu Brasil, brasileiro

O dia inteiro
Meu Brasil, brasileiro
Mulato, Globeleza e navio negreiro

Abre a porta

No flagra, o abuso sexual
De mulher e criança
Meu Brasil marginal

Preso na cocaína

Algemado e vendendo na esquina
Dias a fio

Meu Brasil, brasileiro

Vê se cresce não só pelo dinheiro
Meu Brasil, Brasília
Vamos ver que é o dono da matilha

Do poder

Do roubo que ninguém pode  saber
Do Brasil que morreu
E ninguém quer ver

Noite enluarada

Dinheiro no bolso é risada
No covíl

Meu Brasil


WallMushú 

Vivácido

Já não me faço de juízo
Nem rogo os anos a mais que não tenho
Nem as palavras mais sérias que digo
São as que entendo

Em vão busco o espaço
Que me negaram
Por ser poeta
Por ser sincero

Pior é o teto que me tiraram
E em vão durmo em cama quente
Sem lembrar o que seja paz
O que seja gente

Um jovem
Tacando pedras
Falando como velho
No espelho

Dos pés a nuca
Arrepia a combustão
De queimar o mundo
Com a boca


WallMushú

Juro

Juro ao amor
Não matar meu mal
Mas fazê-lo meu bem
Juro a mim
Não negar o fim
E recomeçar
Juro a todos
Ser o melhor
Que puder dar
Juro me esforçar
Para que não seja assim
Juro ser o Yang e o Yin
E equilibrar sem aceitar
O mundo como está
Juro ter mais consideração
Com aqueles que dão a mão
Pra me levantar
Juro descer
No fundo do poço
Por quem precisar
Quando precisar
Juro mais
Não ver os tais
Que se julgam os melhores
E dentro dos piores
Tem o seu lugar
Juro aprender a oração
Para salvar
A quem puder
Juro estar lado a lado
Pro que vier
Juro não ser indeciso
Juro estar na vida
E depois dela se for preciso
Juro não olhar para traz


WallMushú