sábado, 2 de julho de 2016

O papel nos olhos

As vezes eu não gsto de ler, me vem uma angústia de colocar algo que eu sinto no lugar onde ele já está, ele vem de fora e estranhamente já é familiar e identico.
Eu leio tentando tomar distância, pronto para correr para o azul escuro do silêncio e do canto das baleias, não se pode escreve-los então neles eu sinto paz e naturidade.
Se tento escrever eu me confundo e perco meu endereço, se tento falar acabo gaguejando, nem mesmo em segredo consigo mandar sinais, o secreto me envolve de uma forma torturante para nunca ser revelado,  quando eu morrer, na minha morte ele estará, mas passará secreto ainda sim, camuflado no teatro de meu sono, eu estarei escondido acompanhando tudo, quase posso rir, só não o faço por respeito aos presentes.
Eu tentei em vão escrever, mas não consigo, e agora ler me transpassa, estou eu me tornando tênue e fácil de se desfazer como o ar?
Onde qualquer sopro me transporta a outro e então sou eu outro quase semelhante?
Se assim o for me negarei convictamente, quero ser um ar ainda legível, eu desperto tomando este fôlego, quero escreve-lo em todos os seus pontos.
Escrever ainda é meu respirar, tenho trazido para mim um ar artificial, sem escrita para viver.
A letra ainda corre ousada dentro de mim.