segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Alegria em perolas e sal

O que pulsam em tuas veias
Claro coração do oriente?
Pássaro canoro de fogo
Dentro do deserto a noite
Beijado Adão no ato de sua morte
Descansado corpo, o primeiro homem
O mundo como herança

Vede-me vestido em sanscrito
Com olhos de hierogrifos
A esfinge desconhecida
Temeu decifrar o que não podia 
Mão de água doce batendo o rosto
Visão de fogo do sol que queima
A terra batida

Moeda de tostão e honra
Lavada em sangue e parafina
Em noite de lua vermelha
Chorosa de maré cheia
Com perfumes de carvalho
Plantado em promessa e acordo
De nome e sobrenome

Rosa verde de dentes
Entre ervas de cristal e quartzo
Guardam lagrimas secas
Ocultas em lenço azul
De orbital aurora
Banhada em chuva e sereno
Deitada em relicários


Consagradas em gramínea verde
Em água de cheiro e morte
Amarradas em tranças brancas
E barbas envelhecidas em vinho novo
Dormido em odre de barro malhado
Modelado em dor e angústia
Cinzas da guerra santa
 

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Eletricidade estática

Deixarei vocês irem de encontro aos mortos
E eu ficarei
Com livros grossos de alquimias e encantos
E mártires que morreram novos

Eu ficarei
Com densas estrelas cadentes rodeadas de balaios
Bordados de rosas silvestres e de orvalho amargo
Cadente água do rio em direção ao horizonte do sol

Eu ficarei
Com a ânsia do retorno não prometido ainda que esperado
Com uma leve fermentação de horas em carvalho envelhecido
Com a minha palavra acidulante e recatada em cantos de sala

Eu ficarei
Num auditório de quinhentas pessoas que aguardam
Pelo desfecho do ultimo ato
Abanando o calor escorrido e seco na garganta 

Eu ficarei
Lamentando alegre a necessidade do fim
Tão enraizada na mais fina veia da minha alma
Como se eu desejasse dormir antes do sono

Eu ficarei
Com uma certeza de exclamação pesada
Como uma decisão que não revogo nem sob a jura
Nem com o verso do que escrevo

WallMushu

sábado, 18 de fevereiro de 2012

sábado, 4 de fevereiro de 2012