segunda-feira, 27 de junho de 2011

Pontos alinhavo

Apenas deixei meus vasos quebrados
Enquanto me davam apelidos
Enquanto pintavam minha sombra
Enquanto jogavam sal em minhas costas

Eu vi o mundo por um diamante negro
Enquanto outros pensavam que eu era mais um
Enquanto outros disseram que eu não era ninguém 
Enquanto espalhavam que eu traia a patria

Com calma colhi as estações frias
Enquanto juravam que eu matava
Enquanto me davam as costas
Enquanto me batiam sem dó

Eu cuidava das rosas
Enquanto pensaram que eu era mulher
Enquanto disseram que eu era louco
Enquanto me faziam de palhaço

Até o fim de tudo, talvez ninguém saiba a verdade
Enquanto uns  dirão que eu era bom
Enquanto talves digam que já fui tarde
Enquanto outros nem dirão

sábado, 16 de abril de 2011

Cântico Negro - José Régio

Cântico negro
José Régio

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

José Régio, pseudônimo literário de José Maria dos Reis Pereira, nasceu em Vila do Conde em 1901. Licenciado em Letras em Coimbra, ensinou durante mais de 30 anos no Liceu de Portalegre. Foi um dos fundadores da revista "Presença", e o seu principal animador. Romancista, dramaturgo, ensaísta e crítico, foi, no entanto, como poeta. que primeiramente se impôs e a mais larga audiência depois atingiu. Com o livro de estréia — "Poemas de Deus e do Diabo" (1925) — apresentou quase todo o elenco dos temas que viria a desenvolver nas obras posteriores: os conflitos entre Deus e o Homem, o espírito e a carne, o indivíduo e a sociedade, a consciência da frustração de todo o amor humano, o orgulhoso recurso à solidão, a problemática da sinceridade e do logro perante os outros e perante a si mesmos.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Encanto Parsifal

Me deito como paz
Tranquilas a ondas levam
O sal que choramos
Noites eternas antes do sol
Aranhas dormindo no dia
Meus sonhos esquecidos
Nossas almas feridas
Nossas mãos dadas
Sentadas nas pedras
As ilusões que deixamos
Para viver, não quero crescer
Vive comigo como criança
E que seja tudo faz de conta
Enquanto eu vou me esconder
Não me conte que a vida acaba
Pois eu sei, e ja me encantei
Em te ver do meu lado
Pelo tempo que for
Pelo que vier, quem sabe
Que um dia possamos chover
Depois do arco-íris
Depois de passar as horas de Julho
Contando as estrelas que deu para ver
Antes de nós o avós, os pais
Aqueles que não vivem mais
Antes de nós, nosso futuro alegre
Nas gotas da chuva
Esperando nascer

sábado, 26 de março de 2011

Relógio de ouro

Miragens miragens
Das constelações maiores
Escritas no orvalho negro
Dos outros natais

Miragens miragens
Somadas ao sol
E aos eclipses lunares
Das fantasias fatais

Miragens miragens
Nos caminhos verdes
Do outono das nossas tardes
Dormimos o prazer

Miragens miragens
Duendes e fadas
Conjuram encantos
Pros homens nascer

Miragens miragens
Passadas as eras
Passamos e morremos
Novamente

Pesos leves

Senhoras e senhores
O vôo da Fênix é louvável
A humanidade razoável
Nos trouxe até aqui

Pequenas flores de outono
Eu não posso revelar
As fronteiras de Eliseu
Os jardins suspensos
Sobre as costas dos grandes
Gigantes de pedras

Maria santa e as miragens
Das guerras declamam
O perfume das lágrimas
Perfeita homenagem dos homens
A sua própria miséria

Mas há de nascer dentre aqueles
Uma pura e singela alma de recomeço
Que fará do passado uma lição das cartilhas
Da escola primária

Quem sabe talvez um gesto
Ou talvez as máquinas criadas
Tenham mais sentido
Que a perfeição esquecida

Quem sabe se nossos filhos
Não desejarem viver por nós
E encontremos onde somo estéreis de Deus
Talvez encontremos o vazio das nossas mãos
E nos encherguemos realmente
Mais pequenos do que pensavamos

Então comecemos a ser
Realmente humildes

domingo, 20 de março de 2011

Homenagem

Abram-se as cortinas
Para a recriação
Gemida nas dores da manhã
E no verão das colinas

Deitem-se ao chão
Ouçam os gritos e os delírios
Das febres tardias
Os cravos ainda em botão

Dêem rimas e cordeis
Maquiagens, luzes, vinhos
A benção das mãos
Onde vão os aneis

A rosa encena na viola
As margaridas no violino
O céu tece as nuvens e a macieira
Em Eva e Adão

Beliôm(trecho das Chaves)

O que eu escrevo não vem de mim, vem dos rios e da sua intrigante nuance de maresia, somente percebo a superfície pois a profundidade me faltará como o ar, e contemplarei a revelação além da forma, nasci depois da chuva, como queda de estrelas próximas a uma lua azul.
Sigo somente as diagonais e a sua razão proporcional as vértices, antes da virgula deixei pistas que levarão ao xis do tesouro por traz das cortinas vermelhas, o além da ilusão se desmonta e eis que nasce o dia após a noite, antes do arco-íris vem a chuva e novamente encontro meu nascimento, há um quebra cabeça a ser desmontado antes da última peça, e novamente encontro a imagem descompassada de descrição, me faltam palavras perante a nudez espiral de onde vim e antes da esquinas sinto o desaparecimento contrário a razão da lógica, até eu mesmo havia percebido que o mole havia perdido os contrastes, o risco suave criava a mais pura natureza de mim.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Ode ao herói

Bendiz a tua pátria, a tua espada
A vitória santa de tua bondade
vem coroar tua face com as chagas
Vê perante teu olhos a face
Daqueles que te beijaram pra te entregar
no amanhecer da tua fraqueza
Vê diante do coração a adaga
e o elmo de prata
A declamação do juramento
perante o sudário retirou o luar
que banhava as cabeças
Em tua entrada, tua bandeira incendiada
Tuas mãos marcadas ao fio da espada
Cobravam o centavo da tua jornada
Eis que tua bondade te levou a nada
Vede teu coração preso na estaca
Perante a inquisição da tua glória
Vede tua cabeça perante a foice
perante a corda.
E beijas a cobra, bebes o veneno
e conta a horas de tua morte anunciada
E te colocas na boca dos lobos,
enquanto espera o sinal da batalha
Bebes o veneno das cobra e perde tua força
Enquanto tua esperança morre de misericórdia
Na entrega tua e na tua fidelidade
deste as mãos aos teu algozes demônios
vestidos de anjos
Deste teu sangue aos vampiros
E te fechou pra luz dos sábios conselhos
Bebes agora de tua vitória, tua morte calma
de brilhante semblante, que te devora
Oh anjo rebelde, porque te lançaste as chamas?
Porque as achaste santas?
O que será de tuas asas, se te jogastes ao inferno
com tuas veste tão brancas
Teu anel dourado, se parte aos juncos de tua cruz
Tu foste pérola aos porcos,
as tuas tranças dadas aos ventos
Caminhas pelas pranchas
Oh herói triste, tão rápido foi o golpe
que teu sangue é tua unica sede de salvação
Que fazer perante o monte e os ecos
Antes da noite, enquanto os fantasmas
fazem sua via sacra de diamante
esperando tua derrota
Érgue-te que já vem os exércitos
pelas linhas tortas
Não te leves pela febre que bate as portas
Não te leves ao juramento das vítimas
Vira teu rosto as dores
Pois que no inferno as intenções
são sempre virtuosas
Pois que no inferno, as línguas
são cheias de adoração em rimas e prosas
Pois que no mesmo inferno te pediram as provas
Vede que teus advogados foram jogados nas forjas
Vede que teus advogados estão em lágrimas
e de joelhos choram tua sorte pavorosa
Vede que teus advogados foram presos
E que tu os traiste por infancia
Vê que tua bondade te levou a nada
Tua boca foi calada, pelas mãos
das negras corjas
Eis tua vitória

Dedico esta poesia ao herói cujo coração está morto pelas espadas.
Dedico também as almas que me gritaram antes que eu desse o ultimo passo, mesmo que em vão, antes que me agarrassem pelos pés e me levassem ao inferno.
Dedico esta poesia aos meus advogados a quem entreguei nas mãos dos algozes de falsos olhos doces.
Dedico esta poesia as mãos dos anjos que aos poucos me salvam.

terça-feira, 1 de março de 2011

O poeta busca nas mãos cortadas um batismo

O poeta dilata as flores pálidas
Como um coração entre as máquinas
Como as abelhas que buscam o mel
nas aquarelas
Eu ouço as vozes e não vejo as cores
Com o invisível toque
Da luz das velas
Chove o suor sobre os telhados de tinta
E os espelhos fingem o sorriso
Quando as mãos rabiscam a terra
E inventam a semente
As paredes estão escritas com orações
Depois da guerra

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Dedicação aos noivos

Despertem as flores
Hoje o dia nasce com suor e trabalho
Para a perfeição da noite
Os olhares trocados em cumplicidade
Reluzida na prata dos talheres
Traduzida nas almas
A chuva cobre uma bençãos de paz
Para a noite que vem se preparando de noiva
A noiva prepara seus olhos
O noivo prepara sua grave voz de trovão
Para os votos trocados
Perante todos
A noiva deseja casar
O noivo brilha nas alianças
Nascendo um novo lar
As toalhas bem preparadas
Na terra o suspiro fresco
As estrelas encantadas
Pela luz das brazas
Os olhos baixos suspirados
Aguardando a entrada
Das ninfas divinas cantando
"Invejamos ela
Que é tão bela
Que brilha como a lua
Que vai se casar
Que seja na delizadeza das manhãs claras
Sempre amada
Que o noivo lhe seja sempre os beijos
Os braços fortes
As voz de trovão
Que ela seja a rainha
Das terras prometidas
Dos orvalhos da madrugada
Dela é a voz das conchas
Das sereias, que dela seja o canto
Mítico sob as águas
Ela é mulher e deusa
E nós desejamos
Ter dela a benção de encontrar
Alguém para nós
Feliz seja o homem
Que for dela marido e alma
Para a vida inteira
Feliz o homem que tocar sua mão
E dela tirar o ar entregue
Que venham os filhos fiéis a promessa
Que seja sempre jurada
A vida aos dois
Que a morte se envergonhe
De terminar sua estrada
Mas que nem depois desta passagem
Se apague o amor dos dois"
No coração um universo de cores
Nos olhos os raios de uma super-nova
Ela entra mulher
E sai noiva
Ele entra homem
E sai noivo
Verdes que se amadureçam na primavera
E que abram as flores para os frutos
Para os noivos de mãos dadas
Que sonham com um lar
A festa com o calor
De fraquejar as pernas
De tamanho amor
Que não seja mais segredo
Onde as nascentes criam os rios
Para os mares
Para os noivos
Toda sorte
Que a vida lhes seja doce e cheia de seda
Com porcelanas bordadas e nuvens brancas
Que beijem os beija-flores e as açucenas
Que a noite faça silêncio para o seu sono
Que os noivos façam rendas de sonhos
E uma colcha de retalhos de infancia
De doces momentos
Que sejam casadas as alegrias
Que sejam conjujes as dores
Nas linguas a voz dos anjos
Soe a melodia das liras
Vibrem os sinos
O sol nasce de mãos dadas
Os noivos caminham ao horizonte

Um pingo de amor

As pedras e os metais do mundo estão sufocando as flores e devastando as matas.
O ser sente seu coração preso embaixo das ruas
Há sempre um PARE em todas as placas
Há muitas roupas para esconder os corpos
Há sempre uma lógica mentirosa pro que não entendemos.
Deitamos sentindo o peso de viver como uma penitência
As pessoas não nos olham nos olhos
E disfarçam as vozes em tom classico das prosas
Este é o novo mundo para os corações sensíveis
Ou a armadilha criada para nós pelos idiotas
A educação não cabe ao amor
E as leis nem sempre tem razão
Estamos juntos e nús num mundo de asfaltos e de chuvas ácidas.
O mundo vem tentando matar o sentimento e a emoção.
Não deixe o sonho se render aos comerciais
Veja minha querida
Meu coração baterá
Por mim e por você nesta vida

Com muito amor !!!!
Esta carta de um sobrevivente ao caos atual, que te ama sobre tudo!!!!!

Pincéis,lápis, ação

O poeta dilata as flores pálidas
Como um coração entre as máquinas
Como abelhas que buscam o néctar
Nas aquarelas
Ouço as vozes e não vejo as cores
Com o insensível toque
Da luz das velas
Chove o suor sobre os telhados de tinta
E os espelhos fingem o sorrisos
Enquanto as mãos rabiscam a terra
E inventam a semente
As paredes estão escritas com orações
Depois da guerra


Escrevi essa poesia enquanto esperava meu professor chegar na aula......
Mas não entendam mal......eu estudo direitinho!!!!!rsrsrsrsrsrs

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A lágrima

Cidade escura de espinhas
Abotoadas e mansas
A gravata, a gaivota
A nuvem opaca
Goteja a natureza pesada
Sonoro semblante de silêncio
No fundo alvo e azul
Da serenidade e da tormenta
As mãos tocam o castanho dos olhos
Ao fundo dos oceanos
E a canção das conchas encharcam a alma
De uma doce e salgada saudade da infancia
E da pureza inesperada
Cabem sob os pés as agulhas do chão
E nas mãos o calor das brasas
Cabe no coração as flechas e a lança
Que solta a água
Pobres nos ramos as aves desplumadas
Que irônia sonhar com as palmas e as cortinas
Sem a vida da alma
Cabem em minhas mãos
Os corações e as lágrimas dos meus filhos

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O domingo nas esquinas

Menina menina
Nas mesas a surpresa é você mesma
Imagina, não pense demais
Deus quer os atos

A ilusão é tão passageira
Nem sempre há tempo de tantas respostas
Não perca seu tempo pegando os ratos
Tudo é destino e ninguém tem as horas

Tua vida virou brincadeira
Nas mãos de quem te sorri agora
Dormidas as manhãs e alegrias
Ninguém lembra de ti

Menina menina
Nem calvário nem sina te esperam la fora
O mar que te assombra é uma gota chuva
O beija flor voou e ja vamos embora


Para Vânia!!!!!
As amizades são aquelas que vão te arranhar e te ensinar a dor, mas que vão te dar o remédio pra mostrar que pra tudo tem um jeito.
Ninguém precisa ser só, mas encontrar alguém exige a solidão de estar aberto a uma companhia que seja boa e construtiva, da qual você participe pra terminar a obra inconcluida.
Pra talhar a perfeição precisa-se de força nas mãos e coragem de mudar a madeira bruta, as lágrimas vão dar o sentimento, as mãos a suavidade, o suor vai trazer a imagem do trabalho e a dedicação de quem corre atraz e busca seus objetivos.
Talhe também os pés, para que ná visão deles se possa ter a certeza de que ninguém poderá percorrer os teus caminhos nem carregar as tuas sacolas.
Mostre nesta obra olhos e uma boca de suavidade e feição humana tão rara hoje em dia.
Coloque os ouvidos, porque tudo o que você ja ouviu nós também ouvimos, nem sempre das bocas, mas sim das situações.
Essa poesia tem uma independencia de não ser presa a nada, pra desatar os nós do seus caminhos e das mãos dos pseudo-amigos que sempre te dão os sorrisos com um fundo de silêncio, pra te fazer acreditar que estás só no meio de toda a gente.
O mundo é grande e nada te impede de crescer além sd simetria das medidas.
A vida pertence àqueles que tem a força de tornar seus sonhos realidades vivas.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

As quatro passagens

A lua derrama petalas salgadas
Quando dormem os cachorros
No inverno das almas brancas
Nas cinzas depois da primavera

Quando dormem os cachorros
E uivam nas terras médias
As uvas da época
Enquanto os ursos caçam

A sonolência viva das corujas
Sentinelas das Quimeras
Pelas lentes desfocadas
Latentes e quentes

As escrituras estão repletas
Dos dialetos santificados
Com eras e eras
De idade

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Poesia de ultima hora

Usando as letras
E as cabeceiras
Não pergunte de onde sai o meu amor
Porque é besteira

Não me pergunte do perfume
Das rosas que eu sinto na beira
Da praia da tua lágrima sincera
Vendo o segundo sol da areia

Não pergunte da frieza
Do mundo que não é brincadeira
Isso são águas não passadas
Que arrastam correntes as noite inteira

Não me pergunte da outra vida
Que só espera na outra beira
Inconsciente nas mãos umidas
Da lavadeira

Não me pergunte meu coração
De criança em baixo da cama
Eu tenho medo de tudo
Você é minha santa guerreira

Não me pergunte os mistérios
As charadas os remédios
Que vão na veia


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Palavras entre palavras

Palavras semi-contidas de uma noite clara
Invertebradas e também desconhecidas
Vende o íntimo de todas as cartas
E cruzam as romarias
Guerreiam santa a guerra das cruzadas
E disfarçam as linguas malditas
E reatadas

Palavras semi-cortadas de uma calma fria
Límpida e cristalina como água
Gela e sela a sorte sombria
Soturna dos que jogam por nada

Palavras semi-nascidas e rejeitadas
Cinzas, coloridas ou prateadas
Maqueiam as esperanças mortas
Andando perdidas
Orando com o pesar das probres e sombrias
Sombras vazias

Palavras semi-criadas de uma genese imanente e nata
Desertas da noção de vida opaca
Deus já não fala

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Fé com inicial O

Tua falta de fé
Mesmo com os ramos verdes
E este silêncio soturno
Que corre pelas montanhas
De papeis escritos sem sentido
Quando te olhei você me sorriu
No meio dos ecos
Dos vidros espalhados no chão
A minha paz costurada
Com fios de nuvens cinzas
A minha voz deformada
Porque na tua distancia
Calaram-se os signos
Escreveram-se cartas com o tempo
Nas garrafas
E a mim como corpo que anda e fala
Vez um sonho dormido
E de fúria me lembras de que sou pó
Vindo do pó e ido ao pó
Mas tua falta de fé
Apesar dos ramos vedes
Secou as águas da fonte
Mesmo meus olhares admirados
E admensionais
A tua falta de fé criou desertos
A tua falta de fé
Fez escrituras mortas
Em mim que sou teu sangue
Não tens fé
A tua descrença
Secou minhas veias
Mesmo com as pedras do chão talhadas
Tua falta de fé matou a arte
E a transparência
E as minhas mãos invalidas
Cavando na terra
Um triste passado sem lembrança
De colunas caídas
Em nome de guerras santas
Prometida como paz por séculos
O céu imita sonhos acordados
E um sentimento solto
Pelos espaços


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Noite de duas luas

O que aprendi
Tendo as sete vidas
Como os vitrais na basílica
Ancorando nas areias das pátrias
Como terras não descobertas
Cada pessoa numa promessa oferecida
Ousada no altar da santidade
Corrompida com o amor da salvalção
Destilado em paixões
Moças destilando emoções das antigas correntes
Os moços desejam os corpos das moças
Como serpentes nas liras desejam
As mãos do tocador
Crueis e infieis, lágrimas mentidas
A vida desponta
Amor de minhas entranhas, morte viva
Em vão espero tua palavra escrita




As ultimas duas linhas deste poema, peguei emprestado de outro, em dedicação a Federico Garcia Lorca, um dos maiores poetas que tomei conhecimento.

O Barlô

O Barlô pensava que era gente, quando nem gente era.
A utopia era quem era Barlô, e pensava como um grito na noite na sua seresta.
A comum vida era de todo sacrificada com um emprego que nada valia, nada na vida parecia para Barlô ter motivo. A dura paisagem de pedra florescia branca com a luz na janela, eu penso que Barlô era um tanto poeta, e um tanto vagabundo também.
A crise da existencia se devia ao fato da inconsistência das coisas em terem nomes, o nome da um sentido ou forma? Como dar forma e sentido ao que já tem forma e sentido.
O olhar de Barlô era uma lente fundo de garrafa que fazia as coisas parecerem esfumaçadas.
Em que momento Deus se tornava três pessoas? Nada nas charadas dava nome as coisas e no entanto eram a maravilha inventada de Deus. Deus não era Deus, era um nome, aquele que era nomeado Deus era.....
Barlô se descobria no fundo fim da natureza das formas nomeadas, ele encontrava Deus além do nome, na concepção da única geratriz unidimensional que criaria onisciente um ser criador de si, Barlô encontrava em Deus a criação de Deus, como inexistência criando a existência através da ausência de sua forma.
Nada de sentido davam a Barlô a maior compreensão do dia em que havia acordado com 10 anos e de súbito se vira no espelho, se deparara com o reflexo que dava forma ao que não era mesmo sendo, havia a forma refletida, mas não havia existência da forma, a imagem somente era um aparente exemplar do que já existia, apenas como visão, uma fusão como fragmento dos olhos, uma visão criada da visão, vejo que é, e que não esta.
A razão lógica das coisas não tinha lógica para Barlô, a resposta era a primaria ilusão da verdade mais funda, uma verdade que não tinha resposta, somente era a verdade.

Comumente

É verdade
Aconteceu de repente
De todos os lados
Com todos os olhos comentados
A risca do meu acaso

É verdade
É realidade
Como nunca visto
A minha cara tão palida

É um dia
Mal tirado
Em fotografia

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Ode ao salvador

Este novo traço
Com que tanto me encantei
De tantas formas
Nas dunas de areia
Repeti este rosto, e cantei poemas
Este, que novamente se pos
A minha frente
Dentre tantas pessoas nas ruas
Eu chorei tua morte crua
Insensível e covarde
Nada fizeram e nada
Voltará o passado, nem tua vida
Me perdoa pois não nasci a tempo
De te salvar, nem mesmo salvar a outros
Agora vivemos a guerra oculta
Nos sussurros e nos canto escuros
Quem vai te perdoar
Na loucura pelo dinheiro
Na traição que fizeste
Onde terás paz no teu repousar eterno
Bom companheiro
Quem te dará o perdão eterno
Se eu sei teu segredo
Depois de tua morte
Gênio, mas ainda sim,humano
E fraco
Mesmo teus olhos inocentes
Não te perdoam
Mas pela noite caminhamos
Perdidos nos ponteiros
Dos teus bigodes nus
Da tua palavras tremula
Minha infancia tão escassa
Não foi pequena
Nem pelas traduções
Tua fama hedionda te foi cruz
E não foi pouca
Paga teu erros
Na morte de quem foi tão algoz
Apoiador durante as noites
Nas tabernas
Triste a casa cinza
De agora a antes
Nada mais de fluir os ventos
Nem cantar as noites nem a lua
Já perdeu a graça
As risadas de adolecência
Já passou, hoje é lembrança
Tudo se foi
Sobrou aqui a criança sarcastica
Mentindo de viver a vida de infancia
Sem lagrima

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Imantum

Dadas as rosas ao vento
E a luz que aos poucos se torna sombra
Ao tocar na gota de um lamento
Camponesa vida tristonha
Pelos campos, respirando as nuvens
Há anjos e ratos dentro de mim
Como moradores da pensão
Batem os sinos
Minha lingua tem o mel e o sal
E as partituras lindissimas
Quantas virtudes fazem o homem?
Tenho dois corações, um ateu
O outro santo, como um perdão
Que as almas passem pela harpa
E que refinada saia a gota
Que é Deus

Dormia

Os meus tantos olhos
Que descobriram as cores
Nas sombras
Quem me dera ter
As asas de metal
Dos anjos sorrateiros
Devo pedir licença educadamente
E traduzir com o sal
As linhas horizontais vistas no céu
Chover como as estrelas
No milagre inédito
Sobre os telhados cinzentos
Ouço baixo o som das cores
Indecisas e emotivas
Como os cantos onde se escondem
Os segredos que fogem as mãos
Das luz do dia
Durante o dia sou um
A noite sou outro
Será a lei inquieta
Da verdade que é buscada
Em vidas caminhadas
E apertos de mãos
Dedilha-me as palavras santas
Na melodia, no amor
No dom e na poesia

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Sem mais

Olhe e veja
Os rostos que vimos a poucas horas
Ou falamos demais
E tivemos visões proféticas
Da arte como um todo
Dentro das ilusões amargas
O doce canto de uma morte real
Fora de nossos sonhos
Nossa natureza concreta
E sem dinheiro
Somos ricos
Não porque temos
Mas porque vivemos
Tudo a seu respeito, vida querida
Vida,minha vida
Doce, querida e amarga
Vida dos meus pulmões
E o meu amor na esquina me vendo
Me esperando chegar
Eu estou romantico demais?
Se sou tão ácido?
Devo as palavras o meu castelo
Devo a minha não forma cognitiva
Ao gato que me assustou em uma noite dormida
Enquanto eu acordava
Sem mais vão-se as horas
E com elas a minha vida
Sem mais

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Navalha

Eu quero a beleza
Parada das fotografias
Como uma carta
Não de despedida
E entregue dentro da suma
Oportunidade verde da antecipação
Madure os grãos, desertos da areia
Nos ventos as primeiras melodias
Da madrugada
E o abrir das primeiras rosas
Ainda pálidas e virgens
No asfalto
Nasci como libra em lua nova
No mistério triste da revelação
Palavra a palavra trocada como presente
Ninguém entende
E as vezes eu odeio toda essa gente
Que eu sou

Numa noite de terça

Porque não pararam
E só viraram o rosto
Quando viram o menino
E as flores de plastico
Imitando o que ninguém pode fazer
Não viram a vida que o jovem idoso
Carregava com o peso de uma penitência
Eu talvez desejei o inferno
Ou meu coração pulsava mais rápido
O frio e o suor nos lábios
A promessa por todos os lados
Não temos vagas
E eu não tenho casa
Tenho os cantos e os buracos
As penas empalhadas
Da pomba da paz nos cinemas
Dobram o relógio
Que eu atrasei de pena
Ainda vejo pessoas de plasticos
Praticando a caridade plastica do placebo
Esperando na fila pra pegar o remédio
Usando os lenços de papel
Um coração como a torre
De Babel

sábado, 22 de janeiro de 2011

Balanços

Chove doce olho
Aqui ninguém vem
Mesmo com o coração aberto
Porque ninguem tem
Medo do mundo
Até o susto
Porque passaram as nuvens
E porque não fez frio
A maior diferença que somos
É ser nós mesmos
Apesar de tudo
Me veja no espelho
Mesmo meus braços
A minha vida magra e até nconstante
Vem te manter
Mesmo as minhas asas de cera
Voaram pelos outros planetas
Mas eu te abraçarei
Não entenda todo mundo
Porque ele gira mesmo se não estuvermos
E isso ainda é novo pra mim
A gente ainda tem muito por vir
E ainda não morremos vivos
Nos cacos do chão gelado
Não me peça passos ousados
Pois isso vem em segredo
Apenas senta comigo
E olha os carros
Essa gente tem ainda vida e tem que viver
Apesar de tudo
Nem tudo vai ser diferente
Entende e deixa passar
Porque já não tem volta
A vida me deu dores e levou alegrias
Nosso consolo é o amanhã
E o que nele é novo
Pro nosso bem

domingo, 2 de janeiro de 2011

Trecho

...
Ah, eu estou no chão
Na realidade
A terra é oval
A lua é um sinal
No sol ou na chuva....

WallMushu