Horas atrasadas
Bate o martelo
Modéstia temperada
Roda o peão
O trem das onze e meia
Só chega meio dia
Salário atrasado
Malha o patrão
Gente coitada
Comento o pão com suor
Gente coitada
A dor e a madrugada
Batem no ponto das sete horas
Volta a rotina
Volta o patrão
Gente que trabalha
E esmola a vida
Levando nas costas
Toda a nação
Gente pisada
Que não tem rima própria
E o medo da polícia
E o da prisão
Desce o sorveteiro
Sobe a gasolina
E tudo tem um jeito
Que é pior
Até quando será
Que vamos aceitar
Receber como prêmio
Alguns trocados
Até quando será
Que o poder ficará
Em algumas estrelas
Num céu intocável
Até quando será
Que a lei será
Tão bonita e poética
E tão pouco real
Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
O mundo tem um milagre
Que não se pode pagar
Enquanto os homens alcançam
Muito mais riquezas
Cresce mais uma doença
Que não se pode tratar
Até quando será
Que vamos dormir
Em pedaços de sonhos velhos
Que já não tem mais sentido
Como Caetano dizia
A zil anos atrás
Terá que soar
Terá que se ouvir por mais zil anos
Somos pobres e muito mais
Mas ainda somos muitos
Cumprimentos educados a pátria prometida
À um mundo de gente
Que já não tem fé em nada
WallMushú
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