domingo, 4 de março de 2012

Alcére

Amor do mundo
Sorrindo em palavras de Alfa e Ômega
Tão comum como o dia
Minha vida prevista em profecias de cinzas
A minha pobre vida 
Nossas pobres vidas
Gastas dia a dia com o que não queremos
Nosso futuro em banho-maria
Tão comum como dia
A felicidade em pérolas e água benta


Ao meu batismo
A todos que são um sonho
Ao muro das lamentações
Aos fantasmas dos natais passados
Àqueles que estão nascendo 
Para ver o mundo, amaciados em algodão
Aos olhos dos gatos, aos gatos do Egito
Ais grandes reis pobres
Aos dentes de leão
Ao reflexo dos diamantes
Aos gargalos da produção


Vede-me suspenso em mantras
Imerso em mim, na metade da lua cheia
Eis que desejo, e então torna-se o é
Louvo como forma de adorar
E então emancipo-me aos céus
Entre Principados e Potestades
Adormece leve corpo de terra
E então chegarei em mensagem tímida


Eis que o que escrevo é sonoro e tem forma
Meus olhos beijam aliança e holocausto
Eis que é um milagre imediato
A correr entre as veias como eletricidade
E calor de uma emoção inesperada
É um novo natal dentro da páscoa
Vede-me decorado de sinos
Respirando as quatro estações
Vede-me nas tonturas de um Oásis
Num deserto de sal

Podem-me tirar as forças
Mas eu terei um nome
A gritar a piracema do que eu sou
Inquieta costura dos tecidos antigos
A se rebelar em trombetas
E confissões aos pés de uma escada


Dobro meus joelhos pois amo
Pois jogaram-me as águas da nascente
Pois lavaram meus pés
E pentearam meus cabelos
Deram às minhas barbas
O nome da minha idade
Contaram minhas lagrimas
E me deram uma infância
Plantaram uma árvore em meu nome
E a ela deram o nome de Presente
Me esqueceram por um dia
E então fui ver o mar


WallMushu

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