domingo, 31 de janeiro de 2016

Ode ao homenageado

Hoje existem nomes que não ouso dizer
Cantigas que não ouso cantar
O horizonte de pedra que tenho que ver
Não tem mais o brilho oval do teu olhar

Tocam-se os sinos, um e dois
Eu vim pelas eras desde a idade da pedra
Alquímico da perfeita combinação do sal
Encontrando as incógnitas da equação da vida
Triangulares entre os ditados e a ópera de parsifal

Hoje fez-se um ano sem a sua alegria
E me esforço por não me lembrar
A dor consanguínea de tentar te salvar
O calor do teu corpo perdendo a vida

Tocam-se os sinos, um e dois
Elevei-me abrindo as minhas asas de anjo
A sua angulação tocando os dois lados do universo
Alcancei a luz de todos os evangelhos e dos escritos santificados
Tornei-me belo através das estrofes e do verso

Eu me lembro todos os dias do seu rosto infantil
Correndo pra lá e pra cá com muita alegria
Talvez as nossas promessas não possam se cumprir
De viver toda uma vida

Tocam-se os sinos, um e dois
Em um êxtase semântico não aceitei me reencarnar
E ganhei de presente a primeira palavra da criação
Permanecerei eterno nas ondas da evolução
Alço o salto quântico, guardião do limiar

Poderia chorar eternamente
Mas decidir ser feliz por te conhecer
Embora eu somente possa rezar
Por um céu maravilhoso onde você estará

Tocam-se os sinos, um e dois
Sacrifiquei-me nos altares da matemática revelação
Na hermenêutica da frônese fiz minha santidade
Aleluia aos céus onde encontro o sacro silêncio
Agrego ao mundo o mais secreto de todas as idades

Tenho que terminar essa escrita
Com uma saudade que me conforta de amor
Mas um dia te verei conscientemente
Receberei dos céus esse favor

Tocam-se os sinos, um e dois
Mergulhei em um nirvana de sons e suratas
Gênesis e mantras de cordas perfeitamente afinadas
A escrita perpétua das ladainhas de quatrocentos anos
Formam meu corpo de puro mistério e maleabilidade não metálica
Nas ondas da mecânica divina, a reengenharia do mundo depois do dilúvio
Deixei pequenas notas da minha expoente epifania
Na transfusão do bem, do mal e da sabedoria
Tornei-me a vaporosa matéria de todas as coisas criadas
Tornei-me a a vida de todos e a alegria
Encontro-me no fim e no começo da vida
Perdão mortais, mas a verdade é muito mais linda
O príncipe de cristal agora irá voar

Nenhum comentário:

Postar um comentário