domingo, 31 de janeiro de 2016

Hermes olhando para trás

Procuro dentre os zeros o número um
Seu bibelô e ouro e vidro
Chove o sol diferente do solstício
E eu escrevo em panos de linho

Rodo como uma transformação heroica
Ergo a espada e invoco a força interior
Eu escrevo como que em um leve papiro
A de desfazer nos rios do Armagedon

Eloquente pausa de quem faz o mistério
E antes da revelação lança um olhar homogeneo
Eu escrevo como escrevem as serpentes
Na indução das doces canções reluzentes

Se me deitar morrerei entre o caos
Entre a paz me farei corpo nu servente
Termina a doce canção e cerro os dentes
Arrepia-me mentalmente a pele fervente

Desanimei da vida, e o horizonte me aparece sem medo
Minha alma cantou antes do meu nascer que me nega
Nega-se o pão, a paz, o amor me cega
Larga memória do canto que chorei

Deixem-me sem rodeios, não procurem meu nome
Ou minha sombra
Deixem-se dentro do passado
E hoje de alguma forma viverei
Invoquem quem fui
E não haverá presente para ninguém
Esqueçam e andem para frente em um Ave
Então haverei

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