sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

A carta

Irei queimar estes escritos de areia
Antes que a porta seja arrombada
E eu seja levado diante de um sinédrio
Repleto de todos os sábios para me confessar

Estou olhando o caminhar das estrelas
Apontando o sol entre as horas abertas
Irei queimar estes escritos de areias
E as respostas serão desertas

Ainda elegerão outro papa
Como nas eras apostólicas
Faremos vigílias e sacramentos
Em favor dos pecados veniais
Nas portas receberemos o estranho viajante
E suas notícias de ultima hora

Começaremos um ano bissexto
Novamente no fim do carnaval
As manchetes não são animadoras
Mas otimismo nunca foi mortal

Eu quero todo bem, eu quero todo mal
Para poder me elevar
Nas meditações de antimatéria
E na criptografia mental

Eu quero todo bem, eu quero todo mal
Em favor dos pecados veniais
Enquanto ainda saímos do mundo animal
Rumo aos universos celestiais
Quem sabe eu possa economizar palavras
Para parecermos mais cordiais

Estamos no dia 8, do mês de Janeiro
E ainda tudo meio parado
Não me recuperei ainda do natal
E já estou todo ocupado

Este ano promete ser melhor
Se piorar está tudo acabado
Tenho até medo da minha velhice
Quando não for mais condecorado

O grande pássaro traz uma mensagem nova
Que ecoou nos sistemas solares
Aliás teremos uma nova luz
Um novo ser espiritual
Ainda tenho fé neste ano bissexto
E estas palavras são temporais

Para terminar recebi uma carta
Com sentimentos em tom pastel
Recitei seu conteúdo no vento forte
Enquanto caia a chuva torrencial
Imortais neolíticos recém chegados
Eu quero todo bem, e todo mal

Nenhum comentário:

Postar um comentário