sábado, 6 de fevereiro de 2016

Aurora de ébano

Corre com teus passos de mudez
A noite avança na cavalaria da mensagem
Foste cifrada tua confissão e tua piedade
A moeda de troca de toda cavalaria
Foi teu ato de bondade
O fogo da rebeldia
Corre, luz elástica das auroras
Que sob o véu do alçapão estão escondidas
Com dores ainda usas o ato mágico
A desaparecer imerso em cordas
As areias da grande embarcação
Servirão como testemunhas
Oculares de sua escapatória
Heroica foi tua vida, e teus diários escritos
Agora enquanto meditas olhando os montes desertos
Armam para ti muitas armadilhas
Corre portanto, despede-te e odeia
As profecias lidas na tua mão
Morre se quiseres, mas ordeno-te outra vida
A vagares na fuga dos teus irmãos
Tua marca secular não te ignora
Assim como tua perna mancará como outrora
A terra apagará teus passos em agonia
Porque tua sombra relança um traço de luz
Tua marca secular não te ignora
E te denuncia
Ao veres o raiar do sol nos rostos recém despidos
Do sono ao beijar do dia
Te verão como te veem céus e quimeras
Todos enquanto no altar se ouve o fim da homilia
Para por um instante
Para e olha teu próprio semblante
E como envelheceste combalido da guerra
E nem mesmo relembras da tua mãe
Que te abençoou esperando teu regresso
Tua volta agora se converte em euforia
Porque marcaste o tempo e o passo da outra nação
Foste vigiado até mesmo pelas sombras esguias
Dos que dormiam bêbados pelo chão
Nem te lembras a promessa que amassaste na folha
E enterraste na terceira roseira do teu jardim
Espera porque te lanço uma segunda sorte
E te agarrarão com correntes e açoites
Tirarão boa parte da tua pele
E te deixarão a morrer na ultima prisão
Mas eis que eu tenho meus olhos por ti
E te tirarão na segunda hora da vigília
Te usarão os unguentos certos
E as ervas que deixarei
Terão paciência para que acordes
Então irão alardear tua fuga mítica
Te darão uma túnica, e te dirão o que deves fazer
Te darão um sobrenome e outra idade
E dirão de ti pelas ruas
Ficarás conhecido como se nascestes assim
Até que tua outra vida seja sepultada
Pelas notícias que farei correr
Logo mais poderás renascer em ti novamente
Para o golpe triunfal
Do triunfo me farei secreto
E serei sombra da tua vitória
Meu nome nunca será certo
E minha face jamais poderás contemplar
Sabereis apenas ser eu o âmago
De um ser humano que foi primordial
Uma matriz que não foi um sucesso
Mas que agora será
O que não deu certo
Agora dará

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