domingo, 13 de dezembro de 2015

Retinas atemporais


Ouço com amor uma música antiga
Calculando um pouco mais o fim dos meus dias
Grossa e entorpecida mania de nascer envelhecido
Natural e humano quanto as estátuas de resina

Sou a forma cibernética dos antigos Incas
Trazendo muitas pedras coloridas
Tenho a altura da queda íntima
Sou deus regente das veias cardíacas
Dilato os horizontes nas pupilas
Todas as minhas palavras são lapidadas


Tenho encontrado os restos sepultados das outras línguas
Nas linhas dos trópicos e do Equador
Enquanto mudava a passagem das estações
Ouvi composições pelo novo mundo criadas

Eu sou a linha desenhada que limita o círculo
Sou o ponto central e a formula da sua raiz
Oriento os navegantes nas madrugadas da bussola
Vou ao fundo do mar reclamar o que perdi
Desci do alto pedestal e retirei minhas asas de anjo
Prometi rever os vizinhos siderais

Consegui contar duas ou três gerações sobreviventes
Que se anteciparam ao ver a grande onda nas encostas
Fiquei espantado ao ver construções tão desnecessárias
E receoso do abuso sobre os mais finos metais

Eu sou o diamante que resistiu ao tempo
Sem me esquecer da minha origem mineral
O centro terrestre é puro e líquido
Vibra e soa como hinos corais
Adeus estranhos, até nunca mais
Novamente passado eu vou me tornar


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