domingo, 25 de outubro de 2015

O cruzeiro


As enormes placas honravam os heróis da guerra
A chuva estava chegando e arrasaria tudo ao nosso redor
Com algumas canções de criança acalmei o choro em volta
Olhávamos este céu de silêncio e apreensão
E com derrotada paciência aguardávamos o segundo sol

Eu estava cansado, minha pele estava marcada
Olhava os santos fazerem suas ultimas preces
Para mim elas não surtiam em nada
Eu respirava como forma de clamar
Não havia direção para sua chegada

O ar tinha parado e estava denso
Nele havia um silêncio quase imposto
Tantos e tantos livros queimados por desgosto
De tantos e tantos que tentavam avisar
Que já não adiantava nada

O dia ia findando e nossos olhos se fechavam
Astronômicos e quebrados com hidrólise
As teorias encontravam um lugar comum
E finalmente podíamos calcular e prever tudo
Mas era tarde demais

Senti um lampejo e um golpe forte
Não pude me virar ou me defender
Um segundo pode ser sentido e tocado
Era expeço e grosso como meus cabelos
Tudo tinha acabado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário